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Mensagem de Boas Vindas

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As "perigosas" gralhas de Goa

por Henrique Antunes Ferreira, em 05.02.16

 

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De acordo com os dados da Estatística da Índia, o país tem cerca de um bilião e 200 milhões de habitantes; maior só a China com um bilião e 300 bocas. Coisas pequenas; se comparadas com Portugal com os seus nove milhões ou cerca, o nosso país é apenas uma cagadela de mosca - sem desprimor para estes insectos voadores e muito chatos e muitíssimo sujos. Ocorre-me o exemplo chinês onde foi decretado pelo Partido Comunista que todos os camaradas tinham de matar todas as moscas num raio de 500 metros das respectivas habitações, nas fábricas, escolas e no campo sob pena de serem executdos com um tiro na nuca e a bala paga pela família. Resultado: adeus moscas. Não sei sinceramente se a imposição se mantém..

 

Aqui na Índia e concumitentemente em Goa as moscas continuam em liberdade e são aos biliões de biliões: Mas ponho de parte a eliminação dos insectos - tarefa impossívél, excepuado o Império do Meio - e dedico-me às gralhas que são, não tenho dúvidas, mais do que os indianos, como pude contastar quando vim entrevistar para o DN a Senhora Indira Gandhi e dei uma volta ao aubcontinente. Claro que em Goa acontece o mesmo: os pássaros negros volteiam e grasnam de uma forma impressionante. São tantos que até uma árvore, a banion tree, se chama por cá árvore das gralhas.

 

Na varanda do apartamento que desde há três anos habito, pousam sem fazer cerimónia a toda a hora do dia milhentas gralhas que se possível e até impossível roubam tudo, desde molas da roupa mais coloridas até batatas fritas e outros aperitivos mas sem nunca tocar nos cajus. Creio que se trata de solidariedade com os frutos originais da terra. Se apanham uma jóia, incluindo os pechibeques aí a voracidade é total, basta deixa-la à mostra e num raid velocíssimo, ai Deus que voou tal como a rapinante.

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Estas gatunas há-as por todo Mundo, mas na índia e naturalmente em Goa são demais... À noite antes de voltarem a casa e fazerem a contabilidade do fruto do seu "trabalho" a chilriada é ensurdecedora com os décibeis transmudados para milinecibéis. Surge então um silêncio ensurdecidor. Mas quem pense que é o final do recital, desengane-se: é apenas o intervalo entre o primeiro e o segundo acto da orquestra metropolitana, aliás, gralhiana, de Goa e arredores. Os goeses já estão habituados às aves e estão-se marimbando para elas. Fazem parte da indiossincrasia do estado.

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Um dia, em Lisboa, alguém que sabia do meu amor por Goa e não era um 20 em sapiência perguntou-me: Ó pá a terra não é perigosa? Dizem que há tigres pelas ruas e isso é o diabo; apesar de tudo o que tens escrito vou desistir da viagem que tinha preparado a Goa!... Face à pergunta inusitada e inesperade disse-lhe: se ainda te decidires a ir leva uma espingarde calibre 18; mas talvez possas usar uma basuca, que é mais maneirinha e tem uma enomíssimo efeito. No entanto é conveniente que ainda saibas que nas retretes há crocodilos e tubarões e das torneiras saem cobras de água. O homem, além de burro como sempre fora, estava acagaçado.

 

Mas tu aguentas-e por lá. Como? Desfechei-lhe, com pundonor e muita valentia: acredita: vou sempre desarmado, claro que uso a minha faca de mato que trouxe da tropa, mas para não dar muito nas vistas e não escandalizar os goeses coloco-a cuidadosamente no cinto por baixo da camisa, além disso trago sempre no bloso um corta-unhas para o que der e vier. Sabes que um homem precavido é muito melhor do que dois desinformados. A vida é madrasta, mas de quando em quando tem coisas menos más... Um outro sujeito que assistia à conversa estuporada disse que concordava comigo (pudera era meu amigo e colega desde os bancos a escola primária) acrescentou e ainda faltavam as baleias nas banheiras o que é muito inconveniente e se apareciam as piranhas aí é que era uma porra! Nenhum de nós mencionou as gralhas - mas devíamos tê-lo feito. Elas são muito "perigosas", mas por enquanto não comem criancinhas - goesas...

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