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Mensagem de Boas Vindas

Este blogue é feito por Amigos para Amigos, porque a Amizade é uma das melhores coisas da vida. Quem vier por bem será bem acolhido. Sejam bem vindos!

Cheira bem, cheira a Lisboa

por Henrique Antunes Ferreira, em 09.01.16

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Antes era almeida da Câmara, hoje chamam-lhe encarregado de executar a limpeza pública, também do município. Antes dele, limpava as ruas da cidade um ucraniano, professor secundário em Kiev. As voltas que a vida dá. O cidadão nascera na Crimeia mas a maldita guerra por ordem de Putin dera-lhe com os burrinhos na água. Viera para Lisboa, fora o diabo para conseguir a equivalência, enquanto ia aprendendo o Português. Os eslavos e correlativos têm uma aptidão natural para as línguas latinas, incluindo o idioma lusitano.

 

Ao fim de tantas trocas e baldrocas conseguira entrar no pessoal camarário; esperava ser mais um administrativo, tinha o décimo primeiro, mas colocaram-no da Direcção da Manutenção da Limpeza Pública. Raio de sorte!, mas ao menos não era um desempregado, entre os muitos milhares que estavam nessa situação. A Segurança Social era uma treta, um embuste, uma desilusão. O cunhado Jaquim, auxiliar de ajudante de praticante da recolha de cães e outros animais vadios (há muitos…), metera uma cunha na Gestão de Pessoal e fora chamado.

 

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Deram-lhe um colete laranja, uma vassoura e um carrinho com dois contentores tipo bidon para depositar os diversos lixos, desde as folhas das árvores outonais até à caca de cão espalhada pelos passeios e arredores. Os donos é que tinham a culpa. No vídeo que tinham passado na curtíssima acção de formação, via-se um sujeito passeando o seu cachorro com um saquinho e uma luva de protecção a apanhar a trampa deixada pelo canídio. Pela pinta via-se logo que era um estrangeiro, aliás um cidadão da União Europeia, talvez mesmo um alemão.

 

Por cá era o que se via – o que ele via e viam mais de mil pessoas, no mínimo, que todos os dias faziam rallies no empedrado para evitarem uma pisadela mal cheirosa. Então no Bairro das Colónias (que nunca passara a Bairro das Províncias Ultramarinas, quiçá um lamentável descuido dos tipos da toponímia, seguidores de Pass…, oops, Salazar) era um fartote. Não havia um centímetro quadrado que não tivesse sido objecto da descarga dos intestinos dos perros. Maldizia a sorte que lhe tinha calhado.

 

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Uma manhã quando pegava ao serviço, o senhor engenheiro chamara-o de parte e dera-lhe um aparelhómetro explicando que era um aspirador industrial especialmente destinado a apanhar a sujidade das avenidas, ruas, travessas, becos  e rotundas. Lá se foi ajeitando ao “animal mecânico”. E até decidiu tirar a carta de condução, não de viaturas ligeiras, pesadas e motociclos, mas de aspirador industrial  para deixar as artérias pulcras. Assim pensou, assim fez; dirigiu-se ao seu director e expôs-lhe a intenção, que desse modo podia melhorar a produção da máquina, o que daria como resultado uma cidade airosa, limpa e... bem cheirosa. O engenheiro lembrou-se imediatamente do Cheira bem, cheira a Lisboa e autorizou-o.  Um dia ainda vai chegar a motorista de camião do lixo.

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22 comentários

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De redonda a 11.01.2016 às 02:04

A minha irmã quando vai passear o Spassky leva saquinhos para apanhar o que ele faz.
Há trabalhos que devem ser mesmo difíceis, ainda bem que inventaram uma máquina.
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De Henrique Antunes Ferreira a 11.01.2016 às 18:35

Gabrielamiga

Ora aí está uma mana boa, educada e cumpridora. Assim apetece dizer: muitos parabéns!

As máquinas têm de existir para auxiliar os homens...

Bjs da Raquel e qjs do Leãozão e um abç ao teu"home"

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