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Mensagem de Boas Vindas

Este blogue é feito por Amigos para Amigos, porque a Amizade é uma das melhores coisas da vida. Quem vier por bem será bem acolhido. Sejam bem vindos!

Um Rolex de ouro

por Henrique Antunes Ferreira, em 10.05.16

  

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O tipo sabia que eu tinha regressado de Goa. Eu ia embrenhado a pensar no Centeno e nos números da execução fiscal, que tinha aprendido no ministério das finanças onde estivera com o Sousa Franco. Disse que era meu amigo desde os tempos da escola Mouzinho da Silveira, usa um bigodinho cinéfilo, por cima do lábio superior, óculos de aros metálicos, Ray Ban falsíssimos. Mas eu não o conhecia. Devia ser das dezenas de anos atrás em que tal acontecera quando a Dona Clélia Marques nos impunha decorar e recitar todas as linhas férreas de Portugal e todos os rios do país e seus afluentes do Norte para o Sul. Sabia isso - mas não o conhecia. O homem estava bem documentado…

 

Entretanto não lhe ligava muito pois o raio das péssimas declarações de Passos Coelho que julga que ainda é primeiro-ministro levavam-me a apostrofar o fel que destilava do chefe do PSD chateavam-me. Há duas espécies de perder como diria Monsieur de La Palice: a boa e a má. Coelho escolheu a segunda. Mandou às malvas o fair play – se é que algum dia o teve. E o homem que eu não conhecia continuava a debitar o seu longo discurso que me entrava por um ouvido e saía pelo outro.

 

Citava nomes diversos, morava na estrada das Amoreiras e até conhecia o senhor Alfredo, porteiro do meu prédio na rua Filipe da Mata e marido da senhora Ângela, que era a mulher-a-dias da nossa casa. O senhor Alfredo, militante da boa pinga, de todas para ser mais correto, era quem me levava à escola, parando por minutos na taberna Monção ali ao largo do Rego, juntinha à estação de comboio, para meter combustível: dois copos de três de palhete. Do Cartaxo.

 

Perguntei-lhe o nome, disse-mo, também não o conhecia, excepção à regra (todas as têm), pois sou bom de memória. Afinei. Que desejava? Rapou do bolso, olhou em volta, um lenço que embrulhava um relógio de ouro, um verdadeiro Rolex. Por uns euros coisa pouca, praí uns trezentos e cinquenta euros sem cêntimos, muito menos IVA, preço para amigos companheiros de carteira. Interrompi-o; desses comprei em Hong Kong uns vinte para oferecer a amigos no Carnaval. Custaram-me todos menos de quarenta euros.

 

2015-11-04-antonio-Costa-Catarina-martins-Jeronimo

 

Foi-se embora descoroçoado mas uns passos depois voltou-se: cabrão, vê-se logo que és primo do Costa, do Jerónimo ou da Catarina!. Como sou bem- educado não lhe retorqui. Dirigi-me a um polícia que falava ao telemóvel, deixei-o acabar a conversa com a querida, e contei-lhe o acontecido e o digníssimo agente da autoridade respondeu-me: é a vida. Depois digam que o Guterres foi um mau primeiro-ministro. E o Marcelo como PR também. 

 

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17 comentários

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De Henrique Antunes Ferreira a 10.05.2016 às 17:48

Coimbramigo

Tu (vocês) pelos relógios - nós por cá pelos presépios (842...) pelos elefantes (89), pelos budas (112) pelos ícones (64) e finalmente pelos cristos na cruz (32). Todo louco tem a sua mania e nós temos um apartamento com 162 metros quadrados Alugados....

Mesmo assim e por mais que sejam os armários com portas de vidro, as cristaleiras (também de vidro) as prateleiras e outros artefactos o espaço está um tanto congestionado. Já pensei em plantar uns semáforos pois não há vizinhos por baixo. Mas o proprietário não achou muita graça...

Por isso temos vindo a recorrer à arrecadação que temos na garagem para auxiliar-nos neste transe. Onde existe um guarda-fatos de plástico, armários e prateleiras nas paredes e outros; mas as garrafas da minha garrafeira também não permitem grandes floreados-

Porém, relógios entre mim e a Raquel só temos doze. E quanto a canetas (das boas) são apenas 187- Podes imaginar a trabalheira que tem a dona Conceição que já faz parte da família (21 anos connosco) na manutenção desta cegada...

Enfim não foi em vão que andei (e andámos) por 120 países do Mundo. Não temos ma§§a§ mas quando for (mos) para o forno crematório vamos de barriga cheia... Por junto a nossa reserva não chega aos 21.000€, pois não somos de poupanças... Os filhos já estão criados, cada um tem o seu curso superior e os netos para lá caminham. Por isso de herança apenas ficaram com estes pertences e o bom nome, a honestidade e o aproveitar a vida - para viver.

Desculpa-me o "relambório" longuíssimo mas fostes tu que começaste a falar em relógios. Gostava que respondesses a estas confissões, aliás raríssimas...

Qjs e abçs dos Ferreiras para os Coimbras. Naturalmente do Leãozão (e lá se foi o campeonato, ai Jesus... :-)))
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De Pedro Coimbra a 11.05.2016 às 02:27

Isso não é mania, FerreirAmigo.
São coisas que a gente gosta (temos todo o direito a gostar de coisas), que nos trazem prazer, que nos fazem sentir bem, que evocam momentos felizes.
Canetas há-as aos montes na casa em Portugal.
E mais relógios.
E moedas (aqui e lá).
E selos.
A minha mulher também gosta, e tem muitas, de jóias (algumas são recordações familiares) e de carteiras.
Qual é o problema de gostar destas coisas todas??
Temos que saber equilibrar estes nossos gostos por coisas com aquilo que é essencial na vida.
E o essencial é a educação e o futuro dos filhos.
E o nosso futuro.
Quando é assim, ter gostos na vida até é saudável.
Aquele abraço para ti, beijinhos para a Raquel

(O Jorge Jesus perdeu o ÚNICO dérbi que não podia perder. Já não é a primeira vez que, quando tem tudo para "matar" o adversário, "morre" ele)
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De Henrique Antunes Ferreira a 11.05.2016 às 18:01

Coimbramigo

Lembraste-me que me tinha esquecido (bonita contradição...) das colecções de malas e sandálias da minha cara esposa. São aos montes e por isso mesmo arranjou um armário especial para as "chausseres femme" bem como outro para as malas além de vários cabides onde pendura algumas.

Nos aniversários dela isso facilita a escolha da prenda. No Natal e no dia do casamento por vezes há excepções - poucas... Ah, já me esquecia dos dos colares, dos anéis grandes e dos relógios idem. Enfim, "ego te absolvo a pecatos tuis"... :-) Vá lá que é quase tudo pechisbeque.

Concordo contigo (em parte) não são manias embora andem lá perto... Claro que coleccionar aquilo de a gente gosta tem o seu preço. Eu fumava quilos de Gitanes sem filtro (o que felizmente já deixei de fazer desde 1984) Mas depois da morte do meu Pai entre um almoço e um maço de cigarros acabava por escolher o segundo.

A ma$$ era muito pouca, quando antes do seu falecimento chegava e sobrava. A minha Mãe deu cabo do que ele lhe tinha deixado (pouco), eu comecei a trabalhar - tinha 18 anos - vè lá tudo onde... No Jornal da FNPT (Federação Nacional dos Produtores de Trigo, de que ele era director-adjunto do eng. Santos e Castro) onde ganha 12$50 à hora...

E concordo totalmente sobre o futuro ´da minha e quatro netos já que os filhos e as filhas noras estão muis ou menos arrumados. Já cá esraei quando eles entrarem no mercado de trabalho mas mesmo assim...

Qjs às ruas mininas e abç para tu Leãozão

(Nem vale a pena falar no futebol; mas que o Sporting foi a melhor equipa... com alggns trppeções. isso é verdade.j

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